Tratamento fisioterapêutico em paciente com osteoartrose de joelho
Segundo Peterson e Renström (2002), a articulação do joelho é formada por três estruturas ósseas, o fêmur, a tíbia e a patela, sendo que a patela se encontra no interior do tendão patelar e desliza pelo sulco troclear à frente do fêmur, formando a articulação fêmoro-patelar. Porém existe ainda outra articulação denominada tíbio-femoral, que é responsável pela relação existente entre o fêmur e a tíbia (MALONE et al, 2002).
A articulação tíbio-femoral é descrita com sendo uma articulação em dobradiça, realizando assim movimentos de rotação, deslizamento e rolagem entre as estruturas ósseas (HAMILL; KNUTZEN, 1999)
Durante os movimentos de flexão e extensão da articulação do joelho o principal movimento que a articulação tíbio-femoral realiza é denominado helicóide, onde acredita-se que a tíbia se torce por cima do côndilo femoral interno, fazendo com que o ponto de rotação mude de lugar entre a flexão e a extensão, possibilitando a distribuição da tensão na superfície articular, tornando o desgaste das faces articulares normal (MALONE et al, 2002).
Segundo Malone et al (2002), a articulação fêmoro-patelar recebe influência de diferentes aspectos, sendo os principais o músculo quadríceps, o formato do sulco troclear e da patela, e a biomecânica do quadril e do pé. A posição da patela faz com que o músculo quadríceps trabalhe em vantagem mecânica, aumentando sua força de alavanca.
A estabilidade da articulação do joelho é mantida através dos estabilizadores dinâmicos (músculos, tendão patelar e quadriciptal) e estáticos (cápsula articular, ligamentos e retináculos lateral e medial). Dentre os músculos que possuem papel estabilizador desta articulação podemos citar o quadríceps (reto femoral, vasto intermédio, vasto lateral, vasto medial) e o tensor da fáscia lata através da banda iliotibial como sendo os principais. Já entre os ligamentos podemos citar os ligamentos cruzado anterior e cruzado posterior, que impedem a movimentação ântero-posterior desta articulação, e os ligamentos colaterais mediais e laterais, que impedem a movimentação láterolateral do joelho (PETERSON; RENSTRÖM, 2002).
A articulação do joelho possui ainda uma estrutura importantíssima, que não poderia ser esquecida, os meniscos. O menisco lateral e medial são descritos como cunhas de fibrocartilagem com formato semelhante ao de um "C", localizados no platô tibial separando os côndilos femorais e a tíbia. Os meniscos possuem uma periferia densa e convexa e um fino limite marginal que é central e côncavo. Entre o menisco medial e o lateral existem algumas diferenças anatômicas, onde o menisco medial possui o formato de "C" mais pronunciado que o lateral, que é mais circular; esta diferença ocorre, pois o menisco lateral possui seus cornos (anterior e posterior) conectados a uma região não articular do platô tibial, enquanto que os do menisco medial não sofrem interferência anterior nem posterior do platô (PETERSON; RENSTRÖM, 2002).
De acordo com Kapandji, (1990) o joelho é uma articulação de dois graus de liberdade, a flexão, extensão e rotação sobre o eixo longitudinal da perna, que só aparece quando está fletido. Durante a flexão os ligamentos colaterais estão frouxos, já os ligamentos cruzados, que fornecem estabilidade para a articulação ao longo de toda amplitude de movimento estão forçando a ocorrência de movimento de deslizamento das superfícies condilares, o LCA irá desenrolar-se e relaxar-se, enquanto que o LCP estará tenso Os ligamentos colaterais estão tensos durante a extensão, assegurando a estabilidade lateral do joelho, já o LCP está frouxo, enquanto LCA está tenso, limitando assim a hiperextensão.
Na rotação externa da tíbia sobre o fêmur, os ligamentos colaterais estão frouxos e os ligamentos cruzados tendem a se tornar paralelos entre si, permitindo o movimento de rotação. O LCA está frouxo, e o LCP tenso.
Durante a rotação interna, os ligamentos estão enrolados um em relação ao outro e tencionados, portanto, a rotação encontra-se bloqueada. Os ligamentos colaterais estão tensos, o LCA tenso e o LCP frouxo.
Os Ligamentos Cruzado anterior e posterior conferem controle e estabilidade ao joelho durante os movimentos de flexão e extensão. Estes ligamentos ficam no centro da articulação. Eles recebem esse nome porque formam uma cruz vistos de lado ou de frente. O ligamento cruzado anterior controla o movimento para frente da tíbia sobre o fêmur e o ligamento cruzado posterior controla o movimento para trás.
O ligamento cruzado anterior tem um comportamento mecânico individualizado: estudos demonstram variações de 35 a 159 kgf, para a sua resistência máxima a tração. Ele é responsável por 85% da estabilização anterior do joelho. O LCA tem uma estrutura anatômica que sugere a existência de dois ligamentos ou pelo menos dois folhetos completamente distintos. Essa duas estruturas têm funções diferentes, pois uma está tensa em flexão e outra, em extensão.
De acordo com Camanho (1996), o ligamento cruzado anterior é o principal ligamento do joelho responsável por movimentos finos desta articulação, tendo como papel principal impedir a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur.
Segundo Castopril, (1999), o ligamento cruzado anterior tem função de impedir a rotação externa anormal, estabilizar o joelho em extensão, controlar a hiperextensão e hiperflexão, restringir o excessivo deslocamento anterior da tíbia sob o fêmur (que é a principal função) e controlar a rotação interna e a mobilidade lateral em flexão e extensão. A ausência deste ligamento na observação da função articular pode causar degeneração da cartilagem, anormalidade do mecanismo extensor do quadríceps e lesão do menisco, o que indica a importância desta estrutura na função do joelho.
O LCP é responsável por 95% da força que impede o movimento posterior da tíbia em relação ao fêmur e ainda tem funções de resistir a hiperextensão, limitar a rotação interna, limitar a hiperflexão e prevenir o varo e o valgo. (LIPPERT, 2003)
Os ligamentos estabilizam a articulação, evitando movimentos anormais, auxiliados pelos meniscos, que além de estabilizarem o joelho, atuam também como amortecedores das cartilagens que envolvem o joelho, absorvendo impactos e choques. Quando ocorre a lesão do ligamento cruzado anterior, em geral o indivíduo está com o pé apoiado e realiza o movimento de rotação ou força o joelho no sentido interno, não conseguindo continuar a prática do esporte que estiver realizando, ocorrendo neste caso um derrame (líquido sinovial entre outros) rapidamente.
O LCP geralmente é danificado por uma hiperextensão ou por um golpe anterior direto na tíbia proximal do joelho flexionado. Ocorrem tipicamente em lesões contra o painel do veículo. (CAMACHO, 1996)
Sendo assim, tem-se por objetivo descrever um caso clinico bem como analisar e estudar os efeitos dessa lesão ligamentar do joelho esquerdo ocorrido no paciente, a fim de estabelecer para tal, tratamento fisioterapêutico com intuito de minimizar os sintomas e proporcionar melhora para as suas atividades da vida diária.
Descrição do caso e intervenção clínica
Este estudo foi realizado na Clínica Integrada de Atenção Básica à Saúde (Ciabs), em Biguaçu. A avaliação fisioterapêutica deu-se início no dia vinte e dois de abril de dois mil e oito, onde foram obtidos os dados iniciais do paciente, como nome, idade, estado civil, naturalidade, data de nascimento, sexo, etnia, endereço residencial, cidade em que residia, profissão, contatos, histórica social e dados clínicos como o nome do médico responsável e a especialidade do mesmo.
Em seguida foram verificados os sinais vitais, onde a pressão arterial (PA) foi aferida, através do estetoscópio e esfigmomanômetro e a freqüência cardíaca (FC) através de contagem dos batimentos por minuto no pulso arterial do paciente. Após realizou-se a anamnese, coletando informações sobre a queixa principal do paciente, história da doença atual, história da doença pregressa, história familiar, história social e exames complementares.
No exame físico avaliou-se primeiramente seu grau de dor, onde em uma escala numérica de zero a dez a paciente em estudo relatou em que grau se encontrava sua dor, sendo que zero seria a ausência de dor, e dez seria a dor máxima. As características da dor também foram avaliadas, onde se solicitou que a mesma descrevesse se sua dor era em agulhada, pontada, queimação ou latejante.
Com o paciente em posição ortostática realizou-se a inspeção geral, onde foram avaliados: estado geral de saúde, emocional, estado geral da pele, alterações cutâneas e articulares, presença de curativos, fixadores ou cicatrizes atuais e antigas.
O exame da marcha teve início pela observação da entrada do paciente na sala de avaliação. Durante a avaliação fisioterapêutica, foi solicitado o paciente deambulasse livremente, enquanto a acadêmica observava as compensações secundárias à sua patologia.
A avaliação postural foi realizada com auxílio do simetrógrafo, onde o paciente em posição de pé foi avaliado em uma vista anterior, vista posterior e por fim vista lateral. O paciente retirou a camisa, de maneira a favorecer uma melhor visualização das alterações posturais.
Na palpação as estruturas e segmentos foram palpados, visando investigar tônus, trofismo, nódulos subcutâneos, presença de dor a palpação, edema, cacifo, temperatura, textura, elasticidade e estado de tensão muscular ou outras alterações da pele, músculos e/ou articulações.
Em seguida, perimetria, goniometria, prova de função muscular e por fim alguns testes especiais específicos para o tipo de lesão do paciente.
Ao fim da avaliação, foi encontrado o diagnóstico fisioterápico, os objetivos para o tratamento e o possível plano de tratamento fisioterápico para o paciente. Então, no dia 24 de abril deu-se início ao tratamento fisioterápico proposto através dos dados encontrados na avaliação.
As sessões fisioterapêutica aconteceram no CIBAS às terças e quintas feiras com início às 13h30min e término às 14h20min, com duração de 50min de atendimento. Totalizando quinze sessões de fisioterapia.
Resultados e Discussão
Este estudo foi realizado na Clinica Integrada de Atenção Básica á Saúde (CIABS), em Biguaçu e deu-se continuidade na Academia de Natação Pingüim em Biguaçú.
A avaliação fisioterapêutica iniciou-se no dia 04 de março de 2009, com a paciente O.E.A., onde foram obtidos os dados iniciais , como nome, idade, estado civil, naturalidade, data de nascimento, sexo, endereço, residencial, profissão, contatos, historia social e dados clínicos(nome do medico responsável e a especialidade do mesmo).
Em seguida foram verificados os sinais vitais, onde a pressão arterial(PA) foi aferida através do estetoscópio e esfigmonamometro. Após realizou-se a anamnese, coletenado informações sobre a queixa principal da paciente, historia da doença atual, historia da doença pregressa, historia familiar, historia social e exames complementares.
De acordo com o relato da paciente foi verificado que a mesma "sente muita dor nos joelhos, principalmente no esquerdo (SIC)". No exame físico primeiramente foi avaliado seu grau de dor, através da escala numérica de zero a dez. A paciente em estudo relatou em que grau se encontrava sua dor, sendo que zero seria a ausência de dor e dez seria a dor máxima. As características da dor também foram avaliadas, onde se solicitou que a mesma descrevesse se sua dor era em agulhada, pontada, queimação ou latejante.
Com a paciente em posição ostostática realizou o exame físico sendo a inspeção geral, onde foram avaliadas: coloração da pele, presença de cicatrizes e feridas, deformidades, ósseas, ou cutâneas, simetria e marcha.
O exame da marcha teve inicio pela observação da entrada da paciente na sala de avaliação e solicitado que a paciente deambulasse livremente, enquanto a cademica observava as compensações secundarias á sua patologia. A inspeção das atividades da vida diaisrias (AVD´s ) e a sensibilidade.
Na palpação, as estruturas e s egmentos foram palapados visando investigar temperatura, presença de nódulos, dor, edema, creptação, integridadae da circulação e tônus muscular anormal.
Em seguida, a perimetria foi verificada com a paciente na posição ortostática, onde foi utilizando uma fita métrica para medir o segmento, goniometria, prova de função muscular, flexibilidade e por fim alguns testes especiais para cada tipo de lesão da paciente em questão.
Abril de 2008 foi realizada a avaliação do paciente J.P.S.J, sexo masculino, nascido no dia 04 de novembro de 1974, com 34 anos, branco, solteiro, residente em Biguaçu, tem como profissão mecânico.
O presente estudo foi realizado no CIABS – que fica localizado na Rua Cônego Rodolfo Machado, nº. 1989 Bairros Rio Caveiras, Biguaçu-sc.
A avaliação fisioterapêutica inicial, o qual foi constatado dados de identificação, sinais vitais, anamnese, exames complementares e exame físico.
Os sinais vitais obtidos foram: pressão arterial, freqüência cardíaca.
Na anamnese foram colhidas informações sobre sua queixa principal, história da doença atual, história da doença pregressa, histórico familiar, histórico social, e exames complementares.
Como queixa principal na anamnese paciente relata dor na região do joelho esquerdo. (SIC!), na HDP não tem nenhum relato, sobre patologias associadas antecedentes patológicas e cirurgias. Na sua historia atual, relata que no dia 23 de maio de 2008 sofreu um acidente de moto, ficou 11 dias internados e realizou drenagem no joelho, devido ao aumento de liquido sinovial que estava em seu joelho esquerdo, apresentando edema e muita dor na região. Ainda relata que através do acidente ficou com déficit auditivo, já vem realizando tratamento fisioterapêutico há 8 meses, teve melhoras significativas. Na historia familiar não apresentou nenhum relato.
Em sua história social, relatou-se que o paciente em questão não possui o hábito de fumar, paciente relatou que faz uso de bebida alcoólica socialmente. Paciente não é hipertenso, não tem diabetes, considera-se estressado não possui controle alimentar, sua estatura é de 1,75 metros de altura e 70 kg. Paciente não apresentou exames complementares de seu problema.
Durante a avaliação da dor paciente referiu dor somente durante o movimento de flexão do joelho esquerdo, referiu dor no tendão dos isquiotibiais do tipo "latejante", e referiu o grau da dor 7.(conforme escala de Borg da dor de 1 a 10).
Segundo Borg (2000), o uso da escala para dor pode fornecer informações adicionais valiosas para as suas interpretações e sua compreensão do tópico estudado, este procedimento não toma muito tempo e não é particularmente problemático para o responsável pelo teste nem para o indivíduo que está sendo estudado. A exigência principal ao ser utilizada a escala da dor é que usem números de tal forma que a relação entre eles corresponda à relação entre suas intensidades percebidas.
Na inspeção geral foi observada alteração do estado geral de saúde, paciente estressado e desmotivado para realizar atividades, no estado geral da pele, sem alterações cutâneas ou articulares, não há presença de curativos, fixadores, somente cicatriz de dreno na região medial do joelho direito, Na análise da marcha paciente apresentou anteriorização da cabeça, ombros em rotação interna, braços apresentam movimentos de oscilação e pouca dissociação de cintura pélvica. Apresentou também hipotrofia de quadríceps esquerdo.
Segundo Loudon et. al. (1999), a avaliação da marcha deve ser um componente de toda avaliação ortopédica.
De acordo com Lippert, (2003), a fase de oscilação ocorre quando o pé não está em contato com o solo, começa tão logo o pé deixa o solo e termina quando o calcanhar do mesmo pé toca o solo.
A avaliação postural mostrou em vista anterior inclinação da cabeça para o lado direito, rotação interna de ombros, elevação da clavícula D, elevação mamilar lado direito, triângulo de talles lado direito aumentado, antebraços pronado (E) e supinado o (D), espinha ilíaca direita elevada, patela direita elevada, joelhos rotação externa, tíbia vara. Em vista lateral notou-se anteriorização da cabeça, lordose cervical retificada, ombros protrusos, hipercifose torácica, lombar retificada e retroversão de pelve, ângulo tíbio-társico aumentado e apoio em antepé. A vista posterior evidenciou desvio lateral esquerdo da coluna cervical, elevação do ombro direito e escápula, retroversão pélvica, joelhos com RE, maléolos esquerdo elevado.
Durante a palpação presença de dor na região do joelho esquerdo, hipersensibilidade na região bilateralmente. Presença de pequena ferida na região da base da patela esquerda e aderida, e com queixas de dores na palpação.
Não foi necessário realizar a perimetria paciente não apresentava edema em membro inferior esquerdo.
Segundo Starkey (2001), quando há suspeita de edema em um membro deve ser realizada a medida circunferêncial com a fita métrica ao redor de pontos de referência específicos, e há a indicação de presença de edema quando as medidas diferem muito entre os dois membros (bilateralmente).
O resultado da goniometria, a partir de uma analise dos movimentos de flexão do joelho direito e esquerdo obtiveram resultados de 80º(D) e 70º(E) respectivamente. Já os resultados da análise dos movimentos de extensão do joelho direito e esquerdo, obtiveram 19º(D) e 17º(E) respectivamente.
Na prova de função muscular, realizado com o paciente sentado com os membros inferiores para fora da maca sem contato com o solo, através do exame manual buscamos avaliar a função muscular através de resistência manual a um membro ou outra parte do corpo após ter completado a amplitude de movimento ou ter sido colocado na amplitude final pelo examinador. Foram testados os músculos responsáveis pelas seguintes funções de membros inferiores: Nos músculos Isquiotibiais na posição sentado obteve-se o resultado 5 no joelho direito e 3 no joelho esquerdo, enquanto que nos Quadríceps na mesma posição obteve-se o resultado de 5 para o joelho direito e 3 para o esquerdo.
Segundo Cutter e George (2000), o conhecimento da função muscular é imperativo em muitas intervenções terapêuticas. A prova muscular acurada pode influenciar uma decisão cirúrgica. O programa de exercícios terapêuticos, desenvolvido por um terapeuta ou treinador baseia-se nas forças e fraquezas identificadas pelas provas musculares. Onde a graduação da força muscular é de:
Graus | Termos | Descrição |
5 | Normal | Consegue amplitude completa contra a gravidade e é capaz de manter resistência máxima. |
4 | Bom | Consegue amplitude de movimento completa contra a gravidade e é capaz de manter resistência moderada. |
3 | Razoável | Apenas consegue amplitude de movimento completa contra a gravidade. |
2 | Ruim | Não consegue realizar o movimento contra a gravidade. |
1 | Traço | Uma contração visível ou palpável sem movimento muscular significativo. |
0 | Zero | Não é observada nem sentida nenhuma contração. |
Nos testes especiais foram realizados o teste de gaveta anterior e posterior e o teste de Lachmam, apresentando estabilidade durante a realização dos mesmos. O teste de sensibilidade foi realizado com o auxílio de estesiômetro e não apresentou alteração da mesma
Posteriormente a avaliação, foi encontrado o seguinte diagnóstico fisioterápico para este paciente: edema em joelho esquerdo; diminuição da força muscular em quadríceps e isquiotibiais do membro inferior esquerdo; diminuição da flexibilidade de isquiotibiais esquerdo; diminuição da amplitude de movimento (ADM) em membro inferior esquerdo nos movimentos de flexão e extensão do joelho e aderência patelar esquerda.
Os objetivos do tratamento fisioterápico foram: diminuir o edema; ganhar/aumentar força muscular; melhorar/ganhar flexibilidade; ganhar/aumentar ADM; diminuir aderência patelar; estimular descarga de peso progressivamente; reabilitar paciente para voltar suas atividades normais; estimular propriocepção; orientar paciente à realização de exercícios em casa e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Contudo, as condutas realizadas foram:
Ultra-som de modo contínuo;
O aquecimento de estruturas constituídas por tecido fibroso, como as cápsulas articulares, ligamentos, tendões e tecido cicatricial, pode causar um aumento temporário na sua extensibilidade, e, portanto uma diminuição na rigidez articular. O aquecimento leve pode também reduzir a dor e o espasmo muscular e promover processos de cicatrização (Low, Reed 2002).
Corrente russa isolada e associada com mini-agachamento;
A corrente russa pode ser aplicada do modo usual com eletrodos colocados sobre o ventre muscular. Para conseguir hipertrofia muscular, são aplicadas correntes de alta intensidade que produzem contrações musculares máximas toleráveis, sem séries de poucos segundos, separadas por períodos de repouso um pouco mais longos (Low; Reed 2002).
Alongamento ativo, ativo-assistido e passivo de membros inferiores (MMII isquiotibiais, quadríceps, abdutores e adutores) e com auxílio de theraband;
Durante a execução do alongamento ativo, paciente foi colocado no tatame em decúbito dorsal, com uma das pernas flexionadas e a outra estendida com a flexão do quadril com thera-band cor dourado, alongamento dos músculos quadríceps passivos, onde o paciente posicionado no tatame em decúbito lateral, com uma das pernas estendida e a outra flexão do joelho e quadril estendido, alongamentos abdutores, adutores e tríceps sural. Ressaltando que todos os exercícios citados acima foram executados três vezes em cada membro inferior por 30 segundos, (respeitando o limite do paciente).
Segundo Achour (2006), os exercícios de alongamento devem ser conduzidos com leveza e suavidade, para desenvolver a flexibilidade, é necessário manter o alongamento por um tempo aproximadamente de trinta segundos ou mais, este procedimento fornece um bom relaxamento muscular, e assim é possível permanecer mais tempo em alongamento ou ainda aumentar ligeiramente a amplitude de movimento o alongamento passivo é feito com a ajuda de forças externo estando o praticante numa boa posição passiva, isto é, com descontração muscular e com boa posição do sistema músculo articular. Não é suficiente pedir ao executante para descontrair a musculatura, é preciso verificar se a descontração muscular foi alcançada, além disso, durante o alongamento deve-se observar a expressão facial do paciente, se ele fecha a glote, ou contrai voluntariamente musculatura, particularmente a musculatura do pescoço, isso é prejudicial e deve ser evitado.
Fortalecimento de isquiotibiais e quadríceps associado com propriocepção em prancha ortostática; e exercícios de fortalecimento de MMII com auxílio de peso (1kg), cama elástica e mini-agachamento com auxílio de bola suíça.
Segundo Moffat e Vickery (2002), os exercícios de fortalecimento muscular podem fazer parte de um programa de recuperação funcional para diversos tipos de problemas. No entanto, devem ser utilizados com esta finalidade somente sob supervisão de um fisioterapeuta. Embora cada exercício, para ser eficaz, deva ser repetido várias vezes, inexiste uma regra quanto ao número de repetições indicadas para cada indivíduo em cada caso. O músculo esquelético e os mecanismos neuromotores são extremamente adaptáveis aos estresses de atividade. A magnitude de mudança na capacidade do músculo está diretamente relacionada com a intensidade, com a duração e com a freqüência do exercício. (Corrêa, 2006).
Durante as sessões de fisioterapia foram realizados os exercícios supracitados, onde inicialmente eram verificados os sinais vitais, em seguida exercícios de alongamentos ativo, ativo-assistido de MMII com ou sem auxílio de thera-band. Após, era alternada entre as sessões a realização de aquecimento utilizando a bola suíça e bambolê, fortalecimento dos MMII através do mini-agachamento, exercícios com peso, corrente-russa isolada ou associada com mini-agachamento, TENS, propriocepção e fortalecimento em prancha ortostática, cama elástica e ainda aplicação de ultra-som contínuo em joelho esquerdo. Ao passar das sessões o paciente referiu melhora na ADM e não relatava mais dor durante o movimento de flexão do joelho esquerdo.
Paciente apresentou evolução positiva em relação à dor, a ADM, à força muscular, ao edema e à flexibilidade. Sendo que a ADM e a força muscular encontraram-se iguais bilateralmente na reavaliação que se deu no dia 17 de abril de 2008. Contudo, paciente referiu ter obtido melhora na realização das suas atividades, da dor e da força muscular, e ainda mais disposição em realizar suas atividades de vida diária.
Ao início e término de cada atendimento eram observados os sinais vitais: pressão arterial também era repassada orientações para o paciente ao final de cada sessão fisioterápica. No final de cada atendimento, a conduta fisioterapêutica e intercorrências durante o atendimento era registrada na ficha do paciente.
Neste período buscou-se melhorar o desempenho do paciente e sua estrutura corporal. O paciente cumpriu com suas obrigações sempre colaborando e respeitando as orientações, podemos ressaltar que a sessões de fisioterapia realizadas ficou dentro das expectativas alcançadas, para proporcionar e oferecer ao paciente facilidade no desenvolvimento de suas atividades diárias.
Conclusão
. Foram realizadas ao total 15 sessões de fisioterapia, onde o paciente estudado apresentou uma evolução positiva, podendo voltar a realizar suas atividades de vida diárias. É necessário que o mesmo continue realizando em casa, alongamentos e fortalecimento desta musculatura já tratada e do outro membro, para que as articulações dos joelhos estejam bem estabilizadas e evitar um novo incidente.
Podemos afirmar que o tratamento fisioterapêutico minimizou os sintomas e proporcionou melhora para as suas atividades da vida diária. Ressaltando ainda que a fisioterapia desempenha um importante papel na qualidade de vida dos portadores de traumatismo ortopédico. Sendo assim o fisioterapeuta tem que estar sempre familiarizado com os atuais avanços da intervenção em sua prática diária, para que utilize somente aqueles procedimentos eficazes. Lembrando sempre e respeitando o limite de cada paciente, mas procurando sempre conscientizá-los da importância de estarem desenvolvendo todas as atividades necessárias para o reforço da musculatura, bem como os alongamentos que são de fundamental importância tanto na prevenção de lesões quanto melhoria continua dos movimentos.
Referências
1-ACHOUR A. Exercícios de Alongamento. 2. ed. São Paulo: Manole, 2006.
2-BORG Gunnar. Escalas de Borg para a dor e o esforço percebido. São Paulo: Manole, 2000.
3-CAMACHO G. L. Patologia do Joelho. São Paulo: Sarvier, 1996.
4-CASTROPIL, W. Medicina Esportiva. Fonte: Castropil. 1999. Internet. Disponível em: http://www.castropil.com.br. Acesso em 21/06/2008.
5- CORRÊA, Allan R. Tratamento proprioceptivo no pós-operatório do ligamento cruzado anterior. Out. 2006. Disponível em: <http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/lca_allan.htm> Acesso em 21/06/08.
6- CUTTER, Nancy C.; KEVORKIAN, George. Provas funcionais musculares. São Paulo: Manole, 2000.
7-HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano.
1. ed. São Paulo: Manole, 1999.
8-KAPANDJI, J. A. Fisiologia Articular. 5. ed. São Paulo: Manole, 1990.
9-LIPPERT L. Cinesiologia Clínica para Fisioterapeutas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
10-LOUDON, J.; BELL, A.; JOHNSTON, J. Avaliação Ortopédica. São Paulo: Manole, 1999
11-LOW John; REED, Ann. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3. ed. São Paulo: Manole, 2001.
12-MALONE, T. et al. Fisioterapia em ortopedia e medicina no esporte. 3. ed. São Paulo: Santos, 2002.
13-MOFFAT Marilyn; VICKERY, Steve. Manual de manutenção e reeducação postural. São Paulo: Artmed, 2002.
14-PETERSON L.; RENSTRÖM, P. Lesões do esporte, prevenção e tratamento. 3.ed. São Paulo: Manole, 2002.
15-STARKEY Chad. Recursos terapêuticos em fisioterapia: termoterapia, eletroterapia, ultra-som e terapias manuais. São Paulo: Manole, 2001.
Autores:
COELHO, S. S. *
HAUPLTI, L. H. *
VIDOTTO, J. J. **
*Acadêmica do oitavo período do Curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
**Professora da disciplina prática sob a forma de Estágio Supervisionado em hidroterapia do Curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Vale do Itajaí -UNIVALI
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